Se Minhas Mãos Pudessem Desfolhar
Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
beber na lua
e dormem nas ramagens
das flolhas ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.
Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.
Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!
Federico García Lorca
O Amor Quando Se Revela
O AMOR, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer
Não sabe o que há-de dizer
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe,
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
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